sábado, 21 de maio de 2011

Cajati: breves notas históricas da Bunge (hoje Vale Fertilizantes)

"Minha cidade", para onde fui em 1990, começou a produzir fosfatos na década de 40. Vejam esse texto de Yara Kulaif da década de 1990.
HISTÓRICO
Em 1905 foi fundada em Santos, SP, a S/A Moinho Santista e, em 1906, o grupo Bunge y Born começou a operar no Brasil com a compra do controle acionário da S/A Moinho Santista,
tendo sua sede sido transferida para a capital do estado de São Paulo em 1908.
Nas décadas de 20 e 30 diversificaram-se as atividades do grupo Bunge y Born no Brasil, expandindo-se para as áreas têxtil, química, de fertilizantes, cimento e mineração. Nas
décadas seguintes ocorreram novas diversificações, atingindo dessa vez as áreas de seguros, imobiliária, de informática e financeira.
Em 1936 a Moinho Santista adquiriu a empresa Cimento Róseo, que detinha a patente para produzir cimento pozolânico.
A SERRANA foi fundada em outubro de 1938, em Utinga, SP, inicialmente com o objetivo de pesquisar e explotar calcário para alimentar a fábrica de cimento, então em construção naquele
município. Porém, como a jazida de calcário mostrou-se inviável, a empresa mudou sua sede para o distrito de Cajati, município de Jacupiranga, na região do Vale do Ribeira, em São Paulo.
A QUIMBRASIL, também criada na década de 30, tinha na época a função de atuar na importação das matérias-primas básicas e mistura de adubos, além de desenvolver outras atividades relacionadas à produção e importação de produtos químicos, tais como pigmentos orgânicos e inorgânicos.
No final de 1940 a SERRANA venceu concorrência pública para arrendamento, pelo prazo de dois anos, do empreendimento industrial ligado à jazida de rocha fosfática, localizada em
Ipanema, SP. Em 1944 a empresa arrendou a jazida de Morro da Mina, em Cajati, SP, iniciando, no ano seguinte, as operações de lavra do minério apatítico residual dessa jazida. O beneficiamento desse minério consistia em operações unitárias simples de desagregação, classificação e separação magnética.
Em 1945 a QUIMBRASIL iniciou a produção de ácido sulfúrico e superfosfato simples (SSP) em uma fábrica localizada em São Caetano, SP, instalações essas que são expandidas em 1954, ao mesmo tempo em que foi inaugurada nova fábrica da empresa em Santo André, SP.
A SERRANA se preparou com antecedência para o esgotamento do minério residual do Morro da Mina, o que veio a ocorrer em 1969. Já no início da década de 60, tendo em vista a inexistência de experiência internacional de aproveitamento econômico de jazidas com baixos teores de P2O5 associados a rochas carbonatíticas, a empresa tomou a decisão de investir em uma tecnologia própria de beneficiamento.
Através da criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, foi viabilizado um processo de flotação para separação da apatita dos carbonatos e sua posterior concentração até os teores de 35% a 38% de P2O5, adequados à fabricação de ácido fosfórico e superfosfatos.
O desenvolvimento dessa tecnologia foi efetuado sob a coordenação dos Professores Paulo Abib Andery e Geraldo Conrado Melcher, titulares do Departamento de Engenharia de Minas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, tendo sido patenteada sob a designação de "Processo Serrana".
O projeto foi desenvolvido em etapas sucessivas (escala de laboratório, piloto e semi-industrial) ao longo de sete anos, tendo sido implantada, em 1969, a usina de beneficiamento, com capacidade inicial de 1,5 milhão de toneladas/ano.
Em 1971, com o objetivo de assegurar reservas adicionais de rocha fosfática, o grupo Bunge y Born associou-se ao grupo privado nacional Itaú e ao BNDE, em uma proporção de 40%,
40% e 20%, respectivamente, para criar a ARAFÉRTIL. Essa empresa obteve contrato de arrendamento da lavra da jazida do Barreiro, em Araxá, MG, com a CAMIG em 1972 [que depois viria ser a
ARAFÉRTIL].
As instalações das empresas do grupo Bunge y Born foram sendo ampliadas ao longo dos anos 70 e 80. Em 1972 foi inaugurada a fábrica de cimento em Jacupiranga, SP, e, em 1973 e 1974 entraram em operação, respectivamente, as fábricas de ácido sulfúrico e de ácido fosfórico da QUIMBRASIL, no mesmo município.
Desde o início dos anos 80, o Parque Industrial de Jacupiranga apresenta-se constituído como um complexo industrial integrado, de produção de concentrado de rocha fosfática, calcário para cimento e calcário agrícola (calcítico e dolomítico), cimento, ácido sulfúrico, ácido fosfórico de grau fertilizante, grau técnico e grau alimentício, superfosfatos, fosfato monoamônico (MAP), matérias-primas fosfatadas, granuladas e gesso químico (para agricultura, fabricação de cimento, indústria de construção civil e para carga de papel).
Em 1986 o grupo Bunge e a PETROFÉRTIL passaram a integrar a IFC, a partir da renegociação do projeto original e de seu redimensionamento, o qual ampliou de 600 mil toneladas/ano de concentrado fosfático para 900 mil toneladas/ano, além do planejamento de novas unidades de
ácido fosfórico e ácido sulfúrico.
Em outubro de 1987 deu-se início às atividades da empresa Fosbrasil, localizada em Cajati (ex-distrito de Jacupiranga), SP, uma associação do grupo Bunge (44,25%) com o grupo norteamericano Monsanto Co. (44,25%) e o grupo belga Chimique Prayon Rupel (11,5%). O grupo Monsanto é líder mundial na produção de químicos para a agricultura, indústria farmacêutica, fibras sintéticas, produtos plásticos e resinas, borracha sintética e equipamentos eletrônicos para controle de processos, com subsidiárias em vários países do mundo. A linha de produção básica da Fosbrasil é o ácido fosfórico grau alimentício e grau técnico, com capacidade anual de 40 mil toneladas/ano e ácido fluossilícico, como subproduto, com capacidade anual de 3 mil toneladas/ano. Essa foi a primeira unidade produtiva de ácido fosfórico purificado em operação na América Latina. Nesse setor está prevista para 1996 a duplicação da capacidade de produção de fosfato bicálcico pela Monsanto, sua sócia na Fosbrasil, que deverá ser de 16 mil toneladas/ano.
Em 1989 o grupo Bunge, através da QUIMBRASIL, criou, em associação com a FERTISUL do grupo Ipiranga, uma nova empresa, a IPIRANGA-SERRANA [ver perfil], com o objetivo de
atuar na comercialização conjunta de fertilizantes mistos NPK para o agricultor. Por acordo entre os acionistas, as duas empresas deixaram, a partir daquela data, de comercializar
aqueles produtos, para só fazê-lo através da nova empresa.
A produção de superfosfato simples (SSP) e superfosfato triplo (TSP) da QUIMBRASIL foi desativada em 1989, com o fechamento de suas instalações em Santo André, SP, e as de
rocha fosfática, ácido fosfórico e fosfato monoamônico (MAP) da SERRANA, de Cajati, SP, foram reduzidas, em 1990, em 60%, 50% e descontinuada, respectivamente.
Em 1990 a SERRANA iniciou um processo de treinamento e redução de mão-de-obra (de 2.509 empregados em 1990 para 859 em 1994) e foi a primeira empresa brasileira no setor de
cimento a obter a certificação pela ISO 9000. Em 1993 ela obteve a certificação ISO 9002 para os fosfatados.
Em 31 de dezembro de 1993 a SERRANA vendeu suas instalações, equipamentos, e arrendou seu parque industrial de cimento para a sua controlada QUIMBRASIL.
Durante o ano de 1995 foram feitos investimentos da ordem de US$ 25 milhões na construção de uma nova unidade de ácido sulfúrico, com capacidade de 1,8 mil toneladas diárias. Essa
nova unidade, que irá substituir a atualmente existente, deverá produzir ácido a um custo industrial bem mais baixo do que o atual, com impacto positivo em toda a linha de produtos
fosfatados.
Na unidade de ácido fosfórico foram efetuadas atualizações tecnológicas no processo de produção, concluídas em março de 1995, que ampliaram em 50% a capacidade da unidade.
O grupo Bunge Brasil, controlado pelo grupo argentino Bunge y Born, passou por um processo de total reestruturação que atingiu grande parte de suas empresas no Brasil. Atualmente, o
grupo está estruturado em torno de holdings, que agregam as suas diferentes e variadas áreas de negócios. Para as áreas de fosfatados e cimento, onde a SERRANA de Mineração Ltda (exSerrana S/A de Mineração) e a QUIMBRASIL - Química Industrial Brasileira Ltda (ex-S/A) se enquadram, a holding, a antiga S/A Moinho Santista Indústrias Gerais, foi transformada em Serrana
S/A em 21 de dezembro de 1995, e seu novo presidente, empossado em 01.02.96, é o Sr. Mário Alves Barbosa Neto, ex diretor superintendente da FOSFÉRTIL e ex-diretor financeiro da MANAH. Quanto à QUIMBRASIL, além da mudança de razão social, ela incorporou outra empresa do grupo, a Cimento e
Mineração Bagé S/A.
A Fosbrasil detém atualmente uma fatia de 37% do mercado de fosfato bicálcico para ração animal (sic). Este mercado tem crescido bastante nos últimos anos no Brasil, puxado principalmente pela avicultura. Os seus principais concorrentes nesse ramo são a Fertilizantes Mitsui S/A, a IAP, a
SOLORRICO e a FERTISUL.
Em 31 de julho de 1996 a SERRANA S/A anunciou a compra do controle acionário da FERTISUL, consolidando definitivamente o papel de segundo grupo estratégico dentro do setor de
fertilizantes do Brasil.
Em janeiro de 1997 a SERRANA assinou um compromisso de compra e venda de suas atividades na área de cimento com a Cimpor - Cimentos de Portugal, S.G.P.S., S/A.

A Bunge Fertilizantes foi depois a consolidadora da indústria de fertilizantes no Brasil (Comprou a IAP, Manah, Elekeiroz e Takenaka) e ficou majoritária na Fosfértil Ultrafértil, e todo esse patrimônio foi comprado pela Vale em 2010.

2 comentários:

  1. Congratulações ! Pergunta: onde eu encontro ácido fosfórico em Santo André - SP. Obrigado.

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    1. Laerte: Em grandes quantidades: para Ácido Fosfórico Grau Alimentício, fale com a Fosbrasil (Grupo ICL). Para Ácido Fosfórico Grau Fertilizante, fale com a Anglo American ou a Vale Fertilizantes. Em quantidades menores, procure os distribuidores dessas acima.

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