segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A mineração de Fosfatos em Catalão - GO e conexões com o Ferro da Vale

fonte: CETEM
Na década de 1960, a Serrana S.A. de Mineração, empresa do Grupo Santista, via acabarem-se as reservas de fosfato, minério residual de alto teor que explotava em Cajati, SP.
Encarregou então o Prof. Paulo Abib Andery de desenvolver um processo de beneficiamento do minério primário, o carbonatito presente na chaminé alcalina. O esforço foi bem-sucedido e surgiu o Processo Serrana de Beneficiamento de Fosfatos. Como conseqüência, foram projetadas a mina e a usina de beneficiamento e todo um complexo químico destinado à produção de fertilizantes fosfatados solúveis.
O projeto foi executado pela equipe da Serrana e por empresas projetistas brasileiras – algo absolutamente inovador na época. As nossas empresas de engenharia eram encarregadas apenas do detalhamento das soluções desenvolvidas em empresas estrangeiras. Como essas empresas não conheciam a realidade brasileira, os resultados, via de regra, deixavam a desejar.
Convém registrar que, já naquela época, o Prof. Paulo Abib se preocupava não apenas em baixar o teor de fosfato nos rejeitos, visando à sua recuperação, mas também com o aproveitamento do rejeito do beneficiamento. O sucesso dessa providência permitiu o aproveitamento do material para a fabricação de cimento portland, num empreendimento paralelo, que muitas vezes se revelou muito mais atrativo do ponto de vista financeiro que o
empreendimento que lhe deu origem.
Em fins da década de 1980, foi desenvolvido um processo para proveitamento do fosfogesso – subproduto gerado na fabricação do ácido fosfórico. Para cada tonelada de ácido fosfórico produzida são geradas 4,5 toneladas de fosfogesso. Esse subproduto, até então sem destinação nenhuma, era acumulado ao lado das indústrias de fertilizantes formando montanhas
enormes, desfigurando a paisagem e constituindo-se num problema ambiental muito sério.
Na ocasião do desenvolvimento desse processo, o Brasil era quase que totalmente dependente da importação de fosfatos para a fabricação de fertilizantes. Não é à toa que grande número das indústrias se localiza à beira-mar. A disponibilização desse processo de beneficiamento permitiu o aproveitamento de outras reservas: Araxá, Tapira, Catalão I e II, Patos
de Minas e Anitápolis (que até esta data não chegou a ser aproveitada). Toda uma indústria brasileira de rocha fosfática, única no mundo, veio a ser estruturada a partir do respectivo desenvolvimento tecnológico. Conseqüência tão importante quanto esta foi a criação da empresa de engenharia que levou o nome de Paulo Abib .
Em 1972, um consórcio de empresas alemãs projetou a usina de beneficiamento do Cauê, para a CVRD, em Itabira, MG. Esgotando-se os minérios granulados de alto teor que constituíam a cobertura da mina, fazia-se necessário passar a explotar o itabirito, minério de teor
mais baixo e que tem como principal mineral de ganga o quartzo. Era na época a maior usina de beneficiamento do mundo, com 35 milhões de toneladas de concentrado produzidas a cada ano.
Seja por falta de representatividade da amostra estudada, seja por viés tecnológico dos projetistas, ou por falta de conhecimento da realidade brasileira, a usina apresentou insuperáveis dificuldades de funcionamento. Decidiu-se então reformá-la, do que foi encarregada a empresa Paulo Abib. A escala do empreendimento era tão grande que a usina-piloto em que o circuito foi
testado tinha capacidade para 1 milhão de toneladas por ano de produção de concentrado. Da mesma forma, tamanha era a responsabilidade da modificação que inicialmente foi modificada apenas uma das múltiplas linhas paralelas em que foi projetada a usina do Cauê, e, uma vez consolidadas todas as decisões, estendida a modificação para o restante da usina.
Esse núcleo de profissionais, ampliado, encarregou-se dos outros projetos que vieram em seqüência e que transformaram a CVRD no gigante que hoje é: Conceição, Capanema-Serra Geral, Timbopeba e, mais tarde, Carajás.
Evidentemente, apesar do papel preponderante no mercado, a Paulo Abib Engenharia não era a única. Outras empresas constituíram grupos brilhantes e tinham a sua parcela de mercado.

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